quarta-feira, 8 de julho de 2015

Um dia de estudos


O esvaziamento nunca cessa de preencher todos os espaços. Ele vai avançando pela rua, sobre as casas, se alastrando rápido através da grama amarelada. Manter algo fixo é quase impossível, por mais de cinco ou dez minutos. 
Nenhum conhecido eu encontrei hoje durante o dia inteiro, a não ser por alguns muito distantes que me fazem um aceno com a cabeça e, em ocasiões raras, um sorriso dispensável. No facebook, pelo contrário, todo mundo está presente, dizendo freneticamente muitas coisa. Às vezes prefiro evitar contribuir com o acréscimo de inutilidades novas. Outras vezes, na verdade, parece que é justamente isso o que de melhor há para se fazer. 
Eu estava aqui esperando e esperando, todo bem vestido, ao meu modo. Está sol e eu uso tênis e calça jeans. Isso são fins de Março. Nada de mais. As pessoas estão falando suas coisas. Todas misturadas e óbvias. Eu sigo esperando. As pessoas passam todas aqui bem arrumadinhas, escondendo de si mesmas a própria estranheza. Porque as pessoas são estranhas, isso sem dúvida. Os conhecidos são poucos e eu às vezes desejo que sejam ainda menos. Que sejam às vezes zero.
O ar condicionado da biblioteca, por algum tempo, consegue me distrair um pouco. Assim que finalizo um parágrafo que parece ter me ocupado durante horas, é impossível para mim permanecer preso à cadeira, como sem dúvida seria recomendável que eu fizesse. É sempre complicado sair um pouco nesses dias em que me vem a convicção de que devo beber menos café. Fatalmente acabo quebrando a promessa. Graças a Deus não sou fumante ou destruiria, com bom pretexto, ao mesmo tempo meus pulmões e minhas possibilidades de escrever ao menos uma ou duas páginas por dia. 
É engraçado observar as pessoas. Elas estão cheias de defeitos tão evidentes na expressão, no modo de andar, de se vestir... Outras estão cheias de qualidades e as qualidades são todas imensamente inúteis.
Tudo está vazio. Algumas pessoas ainda passam e ao passarem dão uma sensação de que estão no lugar errado, ou só passando mesmo; realizando algumas últimas tarefas corriqueiras, mas indispensáveis, antes de irem para casa. A maior parte delas está sozinha, na típica, cotidiana, corriqueira atividade de trabalho. 
A mesa está quente, muito quente. Até agora pouco o sol estava assando-a sem nenhuma piedade.

Um comentário:

  1. Está esperando o que? Eu repito porque a pergunta é importante.
    Está esperando o que?

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